9.7.08

Relato de uma campeã - com dedinho da Deise - 30/05/2008

À todos que me conhecem, amigos,alunos, colegas e parentes, divido com vcs relato pós prova de uma triatleta que tenho trabalhado desde fev/08.
Que venham mais louros......


A MINHA VITÓRIA SOBRE O MAR
12/04/2008
Numa manhã chuvosa em março de 2007 estava de bobeira na casa dos meus pais no Guarujá e resolvi assistir uma etapa do Troféu Brasil que iria acontecer em Santos e ver os triatletas da Trilopez. Foi amor à primeira vista, ali decidi que queria ser uma triatleta.
Conversei com o Diego e ele me orientou a começar a nadar e fazer as etapas do biathlon SP Open. Comecei a nadar em março ( eu já havia praticado natação antes) e em setembro fiz minha primeira tentativa.
Parecia tão fácil nadar no mar!! Foi dada a largada e lá fui eu tentar nadar. Foi aí que veio o primeiro impacto: Cadê o fundo ? Será que aguento nadar 500 metros ? Não vou afundar ? Cheguei ao cúmulo de pensar se não iria encontrar alguma baleia, tubarão ou algum outro bicho esquisito iguais ao do Discovery Channel!! Travei!! Voltei no barco do guarda-vidas. Frustração geral.
A próxima etapa seria em novembro. Como meus pais moram no litoral, então decidi começar a praticar natação no mar. Fui no posto do guarda vidas na praia da Enseada me informar sobre duas coisas:
a) se havia perigo de encontrar tubarão, baleia ou algum outro bicho esquisito: NÃO!!
b) quais os melhores lugares para praticar natação no Guarujá: praia do Guaiúba e canto do Tortuga na praia da Enseada.
Orientação do guarda vidas: sempre nadar paralelo à praia e com a água na altura do umbigo (????) e nunca nadar perto de encostas ou pedras por causa da corrente de retorno.
Nadei algumas vezes no mar e me acostumei a não ver o fundo. Em novembro fiz uma nova tentativa e pensei:"Desta vez eu consigo!!." Quando cheguei lá no dia da prova o mar estava uma piscina, flat. Dei um azar enorme pois pouco antes da prova começou a ventar muito e o mar de "piscina" passou a "tsunami".
Lembro que quando saí do aquecimento na água, eu ouvi um guarda vidas que iria participar da prova fazer o seguinte comentário:"Se o mar continuar virado assim, nem eu me arrisco a nadar aí!" Se ele que era guarda vidas estava temeroso, imagina eu então!! Outro fator que me atrapalhou foi um rapaz da academia Coração & Cia. que iria participar da prova e estava nervosíssimo e ele ficou do meu lado o tempo todo, alguém havia dito para ele que iria ser a minha segunda tentativa e ele colou comigo.
Fiquei mais nervosa ainda. Outra largada e lá fui eu novamente, não via o fundo mais ia nadando, tentava ver a bóia e não conseguia só ondas, bateu o desespero: nadei peito e não saia do lugar, tentei nadar costas e engoli muito água. A essa altura já tinha um idiota do caiaque me mandando sair da água e o bote do guarda vidas do meu lado. Desisti de novo!! Saí da água p. da vida, frustrada e com muita raiva.
Vencer o mar seria o meu grande desafio de 2008. Fui passar férias em Angra dos Reis e escolhi uma pousada com píer na frente e mar tranquilo. Passei uma semana nadando naquele mar maravilhoso, me aventurando no fundo e ganhando confiança.
Em fevereiro teve um treino de natação para os triatletas na praia do Guaíúba no Guarujá. Estava tão nervosa que travei várias vezes, não conseguia ir até o fundo e menos nadar até o caiaque que alugamos como suporte. Chorei feito criança, só no final que eu consegui me soltar.
Nesse treino tive a oportunidade de conhecer a personal de natação do Edu Carvalho, a Deise. Gostei do jeito dela e então decidi correr atrás do prejuízo e acabar de vez com o problema da natação no mar: contratei a Deise. Teria dois meses até o SPOPEN. Nesse tempo desenvolvemos o seguinte trabalho: aprimorar a técnica de natação do crown, muitos educativos, tiros, percepção de velocidade e ganho de confiança.
Aprendi, através da observação, que cada atleta tem um ritual antes da prova, seu tempo. Quase todos os finais de semana treinei no mar, aprendi a passar a arrebentação, nadar no fundo, brincar com a água e perceber que eu não afundo, afinal eu sei nadar. Fiz dois simulados de triathlon do Vicunha na Billings e nadei os 750 metros sem problemas, mesmo com o caiaque do lado.
Aprendi que manter a cabeça ocupada enquanto eu nado, não me deixa travar e nem imaginar baleias passando em baixo de mim. A Dani Colagiovanni me ensinou a contar braçadas e funcionou muito bem.
Finalmente a terceira tentativa. Não trabalhei na sexta feira, descansei, fui em Santos no local da prova, nadei, senti o mar, brinquei com a água, meditei e refiz a prova mentalmente várias vezes.
Dia da prova: acordei cedo, tomei um super café da manhã, fui para Santos ouvindo música com calma. Cheguei, peguei meu kit, arrumei minhas coisas na transição, vesti a roupa de borracha e fui para o aquecimento. Me aqueci com calma, a água estava com temperatura agradável e o dia estava lindo.
Hora da largada: deixei a mulherada largar na frente, entrei na água com calma e fui conversando comigo: " Vc é a maioral!! Vc sabe nadar e não vai afundar!! Vamos até a primeira bóia!!" e lá fui eu nadando. Até que ultrapassei algumas meninas. Virei a primeira bóia , tomei muitas porradas e aí comecei a nadar mais forte, virei a outra bóia e fui em direção à praia. Saí bem da água e fui para transição. As minhas coisas que eu tinha deixado todas arrumadas tinham desaparecido no meio da bagunça de outros atletas.
Perdi tempo procurando meu tênis. Até roupa de borracha tinha em cima das minhas coisas, não preciso dizer que joguei tudo muito longe!! Saí para a corrida e senti dificuldade na respiração, confesso que não consegui encaixar a respiração. Mas como corrida é meu forte, fui quase no limite para não quebrar e fui ultrapassando todas que me ultrapassaram na água. Terminei a prova e ganhei a minha medalha.
Essa medalha é muito especial, é como se fosse uma medalha olímpica. De quebra ainda fiquei em primeiro lugar na minha categoria e ganhei um troféu. Melhor ? Impossível!!
Força de vontade, perseverança, determinação e disciplina foram a chave do meu sucesso para conseguir vencer a barreira de nadar no mar. Essa página eu já virei, que venha o Trofeú Brasil na USP, aí eu me tornarei uma triatleta de verdade.
Agradeço a todos que acreditaram em mim, me incentivaram, me deram força, dicas e me fizeram perceber que tudo é possível, basta querer.
Paulo de Lucca que sempre acompanhou miga saga desde o início, me deu força, me incentivou, aguentou minhas "travadas" no mar, minha choradeira e mais do que eu mesma, sempre teve certeza de que eu conseguiria completar o SP OPEN.
Obrigada por tudo, inclusive pelo empréstimo da roupa de borracha. E acima de tudo agradeço a Deus por mais essa conquista. PS: DIEGO, EU TENHO MEDO DE BALEIA. Corina Gomes, triatleta da equipe

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